MARIANO – Falando em dever, Seu Justino, não é querendo cobrar nada não, mas e a barragem?
JUSTINO – A barragem... a barragem...
ROSINHA – A seca tá começando, quase não tem água pra o gado beber.
JUSTINO – Seu Mariano, parece que é até má vontade, mas não é não, o Etevaldo é uma testemunha viva do meu esforço.
ETEVALDO – Isso mesmo! Não é mal vontade não!
CREUZA – Muda alguma palavra, Etevaldo.
JUSTINO – O governo está mandando pouca verba. Mas não se preocupe, se não for desta vez eu mando parar um carro pipa bem perto da casa do senhor.
MARIANO – Mas e o gado?
JUSTINO – Se o senhor confiar o seu voto em mim na próxima eleição eu lhe garanto que, dentro de poucos dias, Caçatinga terá uma barragem de verdade.
ETEVALDO – Muito bem, Deputado! Uma barragem de verdade para Caçatinga!
JUSTINO – Se eu estiver mentindo, que morra Etevaldo!
ETEVALDO – Isso mesmo, muito bem. Que morra Etevaldo, que morra eu, muito bem!
JUSTINO – Tem mais, Caçatinga será o Oásis do sertão.
ETEVALDO – Muito bem, Oásis do sertão!
CREUZA – O que é Oásis, Etevaldo?
ETEVALDO – Oásis... Oásis...
CREUZA – Isso mesmo, oásis!
ETEVALDO – Oásis, Creuzinha, parece ser coisa de comer.
CREUZA – De comer?
ETEVALDO – Oásis é garra, é fé, é o empenho do nosso Querido deputado Justino Pereira. (bate palma, todos acompanham menos Creuza e Mariano)
MARIANO – Lhe darei meu voto, Compadre Justino. Mas eu gostaria que tu soubesse que a situação tá ficando preta.
JUSTINO – Pode deixar, Seu Mariano. Breve lhe darei notícias boas. Bem, tenho que ir, há muita casa pra visitar hoje. Tenham uma boa noite!
MARIANO – É cedo, compadre.
JUSTINO – Não, obrigado. Até mais vê!
ETEVALDO – Inté. Inté, Creuzinha!
CREUZA – Inté. (à parte) Já vai tarde!